ELETROFORESE DE PROTEÍNAS
A eletroforese separa as proteínas nas suas frações pré-albumina, albumina, alfa-1-Globulinas, alfa-2-globulinas, betaglobulinas e gamaglobulinas. A pré-albumina migra em uma posição mais rápida do que a albumina em direção ao anodo, sendo uma das menores proteínas plasmáticas (62.000 daltons), possuindo meia vida muito curta, de dois dias. A albumina é a proteína mmais abundante, correspondendo a 2/3 do total. Suas principais funções são a manutenção da pressão oncótica intravascular e o transporte específico de várias substâncias endógenas e exógenas, como bilirrubinas, ácidos graxos e fármacos, entre outros. As alfa-1-globulinas correspondem a várias proteínas que migram nesta região - alfa-1-antitripsina, alfa-1-globulina, alfa-1-antiquimiotripsina, porém a alfa-1-antitripsina é a principal responsável pela coloração desta região. Isto ocorre, pois, a alfa 1 glicoproteína, outra proteína que migra na mesma região, tem baixa afinidade pelo corante. A região das alfa-2-globulinas é determinada por 2 proteínas, alfa-2-macroglobulina e haptoglobina. A haptoglobina pode ter uma variação na posição da corrida eletroforética por sua heterogenicidade molecular, podendo desde sobrepor-se à alfa 2 macroglobulina (tip 1-1), até separar-se nitidamente (tipo 2-2). Sua principal função é formar um complexo com a hemoglobina livre, sendo removido posteriormente pelas células reticulo-endoteliais. O traçado das betaglobulinas é composto por duas proteínas principais, a transferrina e o componente C3 do complemento. Outras proteínas como as beta-lipoproteínas, beta-2-microglobulina e antitrombina III corrrem na mesma posição, porém pela baixa afinidade com o corante normalmente não são visualizadas. As gamaglobulinas estão relacionadas diretamente ao processo de imunidade humoral. Indicação: Detecção e quantificação de bandas de paraproteínas em doenças linfoproliferativas; detecção de estados fisiopatológicos como inflamação, perda protéica, gamopatias e outras disproteinemias. Interpretação clínica: Pré-albumina: indicador precoce nas modificações do estado nutricional; também tem papel no metabolismo da Vitamina A, pois forma um complexo com a RBP, impedindo sua eliminação pelo filtrado glomerular; liga-se também à tiroxina; está diminuída em doenças hepáticas e aumentada com o uso de hormônios esteróides, gestação e insuficiência renal. Albumina: Está diminuída por defeito de síntese (hepatopatias graves crônicas) ou por perda renal (síndrome nefrótica), intestinal (enteropatias) ou cutânea (queimaduras extensas). Também pode estar diminuída em processos inflamatórios agudos por aumento da permeabilidade capilar. Pode ocorrer picos distintos de albumina (bisalbuminemia) ou analbuminemia, causada por variações genéticas sem acarretar manifestações clinicas. Tem meia vida de 17 dias, sendo que 25% tornam-se glicadas durante períodos de hiperglicemia, podendo ser útil no acompanhamento de pacientes diabéticos durante curtos intervalos de tempo. Alfa-1-globulinas: como a alfa 1 antitripsina é a principal responsável por esta fração, suas alterações são as que gerarão maior impacto; por ter a função de neutralizar as enzimas proteolíticas durante o processo inflamatório agudo, encontra-se elevada nesta situação; outras causas de elevação são doenças inflamatórias agudas ou crônicas, neoplasias, após trauma ou cirurgias, durante a gravidez ou terapia estrogênica; na deficiência hereditária haverá ausência desta região na forma homozigótica e desdobramento na forma heterozigótica. Alfa-2-globulinas: a haptoglobina também é uma proteína de fase aguda, aumentando na vigência de processos inflamatórios; Já a alfa 2 macroglobulina apresenta pouco interesse clínico, mas é mais elevada nos períodos infantil e senil, e na síndrome nefrótica; é mais baixa nas hepatopatias crônicas e algumas vezes na fibrinólise por hiperconsumo. Betaglobulinas: como a transferrina é responsável pelo transporte de ferro e seu aumento indica uma deficiência do mesmo; Por ser de síntese hepática ela estará diminuída nas hepatopatias crônicas; Já o C3 atua como medidor em várias reações imunitárias, podendo apresentar níveis mais baixos nos casos de ativação da via alternativa, como ocorre no LES, glomerulopatias pós estreptocócicas, mesangio capilar etc, ou nas deficiências congênitas de C3; níveis elevados podem ser observados em processos inflamatórios agudos, pois é considerada uma proteína de fase aguda; como esta região encontra-se vizinha à zona gama não é raro que ela seja encoberta pelas bandas monoclonais quando presentes. Gamaglobulinas: sua ausência ou diminuição indica imunodeficiências congênitas ou adquiridas. Seu aumento ocorre em doenças inflamatórias crônicas, reações imunes, doenças hepáticas ou neoplasias disseminadas, tuberculose, sarcoidose, linfogranuloma venéreo, sífilis terciária, artrite reumatóide, LES, linfomas malignos, doença de Hodgkin, leucemia linfocítica crônica, macroglobulinemia de Waldenstrom, mieloma múltiplo e hepatopatias. OBS: Interzona Albumina-Alfa 1:Em condições normais é um espaço claro, porém, lá migram 2 proteínas (alfa feto proteína e alfa lipoproteína). A alfa feto proteína tem baixa concentração plasmática (exceto em RN) e a alfa lipoproteina tem baixa afinidade pelo corante, não sendo normalmente visualizadas.